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23/08/2006 » Todas as notícias
O Tsunami é natural. A tragédia é capitalista

O Tsunami é natural. A tragédia é capitalista

Sérgio Domingues

Todos nós acompanhamos assustados as conseqüências do Tsunami que atingiu a região sul e sudeste da Ásia e África, no final do ano passado. A enorme onda oceânica atingiu Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia, Malásia, Ilhas Maldivas e Bangladesh. Pelo menos, 144 mil pessoas morreram.

Trata-se de um fenômeno natural provocado por um terremoto no fundo do mar. É um maremoto que causa uma onda gigantesca. É impossível de ser evitado, assim como o são os terremotos e furacões. Claro que há muitos fenômenos naturais que não podem ser evitados. Nem por isso, centenas de milhares de pessoas morrem por causa deles. Invernos rigorosos vêem atingindo a Europa e os Estados Unidos, nos últimos anos. Muitas pessoas morrem por causa disso. Mas não na casa das centenas de milhares. Afinal, a maioria conta com algum tipo de defesa contra o frio. No Brasil, já existe um consenso entre os estudiosos sobre a seca nordestina. Não se trata de um fenômeno que deva ser combatido. Faz parte do ecossistema da região. Acabar com a seca no Nordeste pode causar desequilíbrios imprevisíveis. O que é preciso fazer é diminuir seus efeitos sobre os habitantes da região.

O caso do Tsunami não é diferente. Já há sistemas que tornam possível avisar as pessoas que moram nas áreas que vão ser atingidas, com algumas horas de antecedência.. O maremoto atingiu regiões litorâneas densamente habitadas e que costuma receber muitos turistas. Além disso, tratava-se de uma área com alguma possibilidade de ser atingida por um maremoto. Um sistema de aviso prévio deveria estar funcionando. Não estava porque os governantes da região, reunidos em 2003, consideraram o custo muito alto.

Por outro lado, outros paises contam com sistemas capazes desse tipo. O estado norte-americano do Hawaii por exemplo, tem um observatório que identificou o início do Tsunami. No entanto, alega que não sabiam como avisar os paises da região. Pior que isso. Um observatório meteorológico tailandês também percebeu sinais de um possível maremoto, uma hora antes de acontecer. Fizeram uma reunião de emergência e resolveram ignorar os avisos para não prejudicar as atividades turísticas com possíveis alarmes falsos.

Aí está o problema. Num sistema que coloca a busca do lucro acima da vida de pessoas funciona desse modo. Somente após a morte de milhares de pessoas, as nações e personalidades ricas aparecem com seus donativos. Não se trata de recusar as ajudas. Afinal, é o mínimo que podem fazer os que se beneficiam do sistema capitalista. Além disso, as campanhas populares de doações mostram o quanto a solidariedade humana resiste à lógica fria do lucro. Mas, também é preciso dizer que o capitalismo é incompatível com os sentimentos de solidariedade. É preciso dizer a Bush e seus aliados que parem de gastar milhões de dólares para matar pessoas na guerra do Iraque, por exemplo. Que usem esses recursos para ajudar as vítimas desta e de outras catástrofes. Sabemos que eles não vão nos ouvir, muito menos nos atender. Mas, outras pessoas vão. E será com estas que falaremos sobre a necessidade de mudar o mundo. Deixá-lo mais seguro para todos e não para uma minoria cada vez menor.

janeiro de 2005

Texto baseado em artigo de Giles Ji Ungpakorn do Workers' Democracy Thailand

Enviada por Sérgio Domingues
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